sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Hoje tive medo do escuro

Hoje tive medo do escuro! Não que ele contivesse algum daqueles bichos que nos dizem existir lá, mas precisamente por aqueles que ninguém nos adverte para a sua existência!
O bicho do frio, da solidão, da escuridão sombria, do abandono, da tristeza, da morte!
Hoje tive medo do escuro! E tive medo porque não tinha a quem dar a mão, não tinha em quem me amparar, não tinha um suporte, não tinha uma luz.
Hoje tive medo do escuro, como há muito não tinha...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

(In)constâncias


Tenho momentos em que me apetecia ser aquilo que não sou, ter aquilo que não tenho.

Momentos em que sonho com o que posso alcançar. Vôos em vão, que me impedem de dormir, de descansar, de trabalhar e que, no fim de contas, apenas trazem frustração, desilusão e sentimento de impotência perante a dura realidade.

Quero ter asas nos pés e, de repente, elas nascem. Mas o problema é que quando começo a batê-las percebo que tudo não passou de mera ilusão de uma cabeça fantasiosa e que, afinal de contas, o que me estava a nascer eram amarras ainda mais fortes do que as anteriores. 


Preso, fico preso! Preso a uma dor que não passa, preso a um entorpecimento que não larga, preso numa redoma invisível que não quebra!


Tento, em vão, libertar-me! 


Não posso, não consigo! 


Adivinha-se mais uma noite de terrível luta contra o sono que não chega e que devia chegar, contra os sonhos que aprecem e não deviam aparecer...

domingo, 23 de outubro de 2011

Esquecimento


Estava hoje de volta de uma frase para uma ocasião especial (não pelos melhores motivos, mas que nem por isso deixa de ser especial), quando me saiu esta frase:

"Não é a morte que traz o esquecimento, mas o esquecimento que mata as pessoas. Nunca sereis esquecidos e por isso estareis para sempre vivos nos nossos corações."

Pondo-me depois a refletir sobre o que tinha escrito percebi a importância e o alcance dessas mesmas palavras.
Efetivamente, não é a morte que dita o esquecimento das pessoas. Não é quando as pessoas morrem que deixam de existir, as pessoas apenas deixam de existir quando nós nos esquecemos delas, quando ninguém as sente, as relembra, as evoca. É por isso que existem pessoas imortais, pessoas que não sucumbem ao peso do tempo, que o vento não leva os seus nomes, pessoas geniais.
E o génio das pessoas pode-se manifestar das mais diversas maneiras: pelos seus escritos, pelas suas palavras, pelas suas ações, pelas suas atitudes, pelo seu amor, pela capacidade de amar ou de sofrer, pela entrega, pela arte,pela música, pelo trabalho, por tanto mais...
Não sejamos, por isso, medianos, fomos criados e feitos para a genialidade! Não tenhamos medo de ser geniais e de nos perpetuarmos pelo tempo...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Utopia




Todos nós temos as nossas utopias, os nossos mundos ideais, as nossas projecções, os nossos anseios, aquilo que gostaríamos de ver diferente.
A verdade é que tudo isso, todas as nossas utopias, todas as nossas ânsias bem como todas as nossas angústias, todos os nossos desejos bem como todas as nossas frustrações fazem de nós aquilo que nós somos: a utopia de alguém...
Gosto de pensar assim. Gosto de me sentir assim. Gostava que toda a gente tivesse motivos para se sentir como eu me sinto, para que todos partilhássemos esta certeza de sermos a utopia de alguém.
O grande drama é que, na verdade, muitos de nós apenas sente o desespero utópico, a frustração, a maldade e a rejeição. O que, infelizmente, infelizmente faz da minha utopia uma farsa.
Ao fim do dia, quando me deito e penso, reconheço que afinal aquilo que julgava ser a minha utopia, não passa de uma enorme imperfeição.
Mas... Afinal de contas é nisso que consiste a utopia, não é???
Estranho paradoxo de vida esta tensão entre o ideal e o concreto, entre o sonho e a realidade, no fundo, entre nós e o mundo...


domingo, 30 de janeiro de 2011

Domingo ao fim da tarde...


Domingo ao fim da tarde.
Acendo a lareira. Não queria pegar, mas a custo, o fogo e a teimosia vingaram acabando por dar um colorido diferente a este final de dia.
A música que me acompanha é do grande J. S. Bach, concretamente a Paixão de S. Mateus. Uma composição sublime que em alguns momentos chega a ser divinal...
Pego num artigo para a tese, leio, sublinho. risco, corto, escrevo, penso... Dura a Teologia, profundo o pensamento de quem escreve, árduo o trabalho de quem interpreta...
Uma bebida a acompanhar fresca para contrastar com o calor que vem da lareira...
O gato brinca e eu trabalho, paradoxo que se complementa.
Que belo fim de tarde. Que bom é viver que maravilha é poder estar aqui e escrever...




sábado, 29 de janeiro de 2011

Despeço-me com um até já...


Olá Pai!
Estas são as últimas palavras que te dirijo enquanto estás entre nós.
Tiveste, como todos sabemos, uma vida dura, pautada pelo trabalho árduo do campo para assim conseguires que os teus filhos tivessem pão na mesa.
Os valores, contudo, sempre foram para ti uma prioridade: a verdade, a humildade, a amizade, o amor...
Construíste a tua casa ao lado de uma grande mulher, e, juntos, destes muito amor e a melhor vida possível aos filhos, netos e bisnetos.
Dizia o escritor transmontano, Miguel Torga: "para um transmontano mais vale quebrar que torcer". E assim tu eras. Firme, decidido, apaixonado, mas conseguindo ser, ao mesmo tempo, meigo, delicado e carinhoso.
És sem duvida um exemplo.
Este é um momento de grande dor e de grande consternação, afinal de contas, tu morreste. Deixas de estar fisicamente connosco, aqui presente para tocar e abraçar, para rir e cantar.
Tudo isso abala a nossa fé, mexe com as nossas emoções, mas na certeza dessa mesma fé eu sei que tu não morreste, eu sei que hoje mesmo estarás com a tua mulher no céu.
Eu sei e tenho a certeza que a partir de agora teremos não um mas dois grandes anjos a olharem e a velarem por nós. Já não estávamos sós, agora estamos sempre muito mais acompanhados.
A morte não é o fim e tu não foste derrotado, nem tão-pouco nós te perdemos, apenas estás e te temos de uma forma diferente...
Até sempre...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cinzelador de Palavras


Porquê a escolha deste nome para um blog? Essa deve ser a pergunta de quem aqui chega.
A minha tentativa de resposta é que a exemplo de um escultor, um (pretenso) escritor, lima as arestas, molda a grande pedra, retira aquilo que não importa, as palavras que estão a mais, dá forma àquilo que quer transmitir... Mas sempre consciente de que aquilo que sai, não é nem de longe nem de perto perfeito, não é de todos, aquilo que ele queria ou gostaria que saísse...
É isso que vou tentar fazer neste espaço, daí ter escolhido este nome para definir esta minha nova aventura no mundo dos blogs.
Espero que visitem, que gostem, que fiquem e que divulguem...
Até já...